Alta produtividade significa produzir mais com menos. No agronegócio, há uma particularidade na gestão da produtividade: como envolve sistemas complexos e vivos que aprendem e respondem às intervenções humanas, a gestão dos recursos e das técnicas implicam grandes desafios, e também grandes oportunidades. Conhecer bem os recursos socioambientais envolvidos e estar atento a novos tecnologias e conhecimentos de gestão são a chave para maiores ganhos.

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Estas duas décadas iniciais do século XXI registram aumento expressivo da produção agrícola no mundo. Nesse cenário, o Brasil tem papel destacado. Concorrem para isso a expansão da fronteira agrícola e o maior emprego de tecnologia. Mas não é só. Como os recursos naturais são limitados, quer por limites materiais, quer por limites de sustentabilidade, a chave mais importante está na produtividade – produzir mais com menos.

O crescimento da produtividade no agronegócio nas últimas décadas é evidenciado por Gasques et al. (2013)[i], e fica patente, neste cenário, a importância da tecnologia e da inovação pelo domínio de novos conhecimentos. No que diz respeito a novos conhecimentos e tecnologia, organizações como a EMBRAPA têm desempenhado papel importante, e os resultados da maior produtividade do agronegócio traz ganhos diretos para todos – para o empreendedor, graças ao aumento do retorno econômico do investimento; e para a sociedade, pelo menor impacto ambiental, maior sustentabilidade sistêmica e melhor qualidade de vida.

Os fatores de produtividade e seu aspecto sistêmico

Quando se considera a intervenção de gestão para aumento de produtividade, há uma diferença fundamental entre essa intervenção na atividade industrial, de um lado, e no agronegócio, de outro. Na atividade industrial, as técnicas e processos empregados na linha de produção de uma fábrica não trazem reflexos diretos perceptíveis em outros sistemas industriais vizinhos. Na atividade agropecuária, ao contrário, técnicas e processos empregados acarretam respostas da natureza que, sendo um sistema vivo e complexo, responde à intervenção humana e traz reflexos em grande escala de espaço e de tempo. O emprego de agrotóxicos, por exemplo, ao mesmo tempo em que combate pragas para aumento de produção, mata ou desorienta os polinizadores naturais como abelhas, besouros e pássaros, acarretando, assim, perda na mesma produção almejada. A expansão da fronteira agrícola pelo desmatamento acarreta alterações diversas – redução de chuvas, aumento de temperatura, queda da reposição do lençol freático, entre outros, com reflexos em perdas na produção esperada.

A importância em conhecer bem os recursos ambientais e saber como manejá-los para melhor aproveitamento.

Pelo exposto, é de fundamental importância, no agronegócio, considerar-se toda a cadeia em sua complexidade para se obter os melhores e maiores resultados em produtividade. A capacitação de pessoal associada a investimentos em técnicas mais avançadas pode ter papel mais relevante do que o acréscimo de maquinário ou a expansão de áreas agricultáveis. Ao contrário, a proteção e preservação de áreas naturais associadas a áreas produtivas pode ser fator de ganhos mais expressivos e persistentes. O adequado manejo dos recursos naturais, explorando-os na maneira certa e em intensidade sustentável, é a chave para maior produtividade, para maiores ganhos e negócios duradouros.

Programas de manejo de agronegócio para produtividade envolvem subsistemas complexos e interligados – a gestão da cadeia de produção, com monitoramento de fornecedores, de qualificação de pessoal, de adoção de técnicas e processos adequados; a gestão dos recursos naturais, com observação de normas e regulamentos que atendem a consumidores exigentes; adoção de selos e certificações que dão segurança a mercados cada vez mais conscientes e rigorosos com o trato dos recursos naturais. Tudo isso, bem gerido, pode trazer resultados em prazos bastante curtos para justificar os investimentos. 

A adoção e observação de programas de manejo e de governança dos sistemas socioambientais podem ser uma garantia de se estar gerindo adequadamente os recursos e otimizando os resultados, em harmonia não apenas com o ambiente natural e seu ecossistema, mas também com o ambiente de negócios e seu sistema econômico.

Referência bibliográfica:

[i] GASQUES, J. G. et al. Produtividade e crescimento: algumas comparações. In: ALVES, E. R. A., SOUZA, G. S. e GOMES, E. G. Contribuição da Embrapa para o desenvolvimento da agricultura no Brasil. Brasília, DF: Embrapa, 2013.